domingo, 4 de diciembre de 2011

SÓCRATES, RONALDO, MILTON NEVES E OUTROS MAIS


O álcool, como todas as drogas recreativas (ilícitas ou lícitas), não combina nada com o esporte. O seu alto consumo é um forte inimigo do rendimento dos atletas nas suas respectivas carreiras, mais do que seus adversários de carne e osso nos campos e ginásios. O esporte, por sua vez, é uma espécie de propaganda da vida saudável. Logo, esporte e álcool não deveriam ter o menor vínculo, já que o álcool não é manifestadamente prejudicial apenas no âmbito esportivo, como é de amplo conhecimento.

Que a imagem de um esportista esteja ligada ao álcool, portanto, é das piores coisas que se pode esperar deste. Entretanto, há uma grande diferença quando esta imagem está restrita aos hábitos pessoais do atleta e quando a associação vem pela forma da exaltação ao consumo do álcool. O ex-jogador Sócrates, que morreu em virtude de problemas derivados do excesso de álcool, encontra-se no primeiro caso.

Sócrates nunca escondeu de ninguém que gostava muito de cerveja. Nos seus últimos meses de vida, inclusive, confessou que poderia, mesmo, ser considerado um alcólico. Porém, Sócrates nunca fez publicidade de cerveja. É verdade que em sua época nos gramados as cervejarias não soiam fazer publicidade com jogadores. Era um mundo em que estes eram mais terrenais e menos estrelas.

Sócrates ficará para história, para além de sua maestria nos campos, como alguem que bebia muita cerveja, falecendo por este motivo. Será um exemplo notório dos efeitos do álcool.

O ex-jogador da seleção brasileira foi vítima do álcool, sucumbindo aos seus sabores. Jamais foi um “aliado” do seu consumo. O mesmo não pode ser dito de várias personalidades públicas do Brasil nestes últimos anos, principalmente as relacionadas com o esporte, sejam as que trabalham dentro ou fora dos campos.

Não faltam exemplos de craques que foram garotos-propaganda de cervejarias. Alguns até levavam o mote publicitário delas nas celebrações de gols. Casos de Romário e Bebeto, que na primeira metade dos anos 1990 chegavam a levantar o dedo indicador para assinalar o Número 1, marca da Brahma então.

O maior artilheiro dos Mundias, Ronaldo, tampouco deixou de engordar ainda mais sua conta bancária com propagandas da Brahma - a “cervejaria esportista” por antonomásia - desde o inicío de sua carreira até o final dela. Em algumas das peças publicitárias, inclusive, ligavam o espírito “guerreiro” dos consumidores da cerveja (http://www.youtube.com/watch?v=J0cwwyiGa7M), os brahmeiros, ao seu suposto esforço e força de vontade para superar suas contusões e lograr êxitos.

De “guerreiros” também foram apelidados os jogadores das últimas seleções brasileiras que defenderam o Brasil nos Mundiais de 2006 e 2010. Não faltaram publicidades com vários deles, e, em particular, com os últimos técnicos do Escrete: Parreira, Dunga e Mano Menezes.

Fora das quatro linhas, o famoso ligado ao futebol que mais vinculou sua imagem ao álcool por meio da publicidade foi, é e, provavelmente, sempre será o jornalista Milton Neves. O rei do merchandising, primeiro com a Schincariol e depois com a Brahma, deve à publicidade cervejeira grande parte de sua fortuna.

Com Milton Neves, alias, temos o cúmulo da falta de ética. Jornalista não deveria fazer publicidade, principalmente se o jornalista é esportivo e a publicidade é de álcool. Para além de tudo, Neves não se exime de misturar os jogadores que entrevista ao seu auspiciante, sempre dizendo que lhes irá mandar caixas de cervejas.

Suponho que Neves e a grande maioria dos jogadores que tanto dinheiro ganharam com a publicidade de cerveja (que deveria ser proibida totalmente, tal qual foi proibida a do cigarro) nunca abusaram da cerveja e não terão sua saúde prejudicada por ela. Mas isso só diz respeito à vida particular deles. O fato é que sendo parte de uma campanha publicitária de cerveja estão, de alguma forma, instigando o consumo de álcool dos brasileiros – muitos deles sem condições para controlá-lo

Sócrates era um destes milhões de brasileiros que não conseguiam controlar o consumo de cerveja. Mas não estimulou ninguém a que bebesse. Ao contrário de tantas estrelas do esporte-rei, parceiras do enaltecimento a este hábito que pode ser tão perigoso para a saúde das pessoas.

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