viernes, 21 de enero de 2011

A FUJIMORIZAÇÃO DO SÃO PAULO


Em 2000 o então presidente do Peru, Alberto Fujimori estava cumprindo seu segundo mandato à frente do executivo do seu país. A constituição do Estado andino determinava a possibilidade de apenas uma reeleição. Teoricamente, então, Fujimori estaria impedido de candidatar-se para o pleito daquele ano. Só teoricamente, claro.

Fujimori alegou que sua primeira eleição, em 1990, havia sido sob a égide da antiga constituição, e que com a nova carta-magna o cômputo para o número de eleições do presidente começava do zero, desde que esta foi implantada em 1993. Com este argumento a justiça peruana o autorizou a participar do escrutínio presidencial de 2000, do qual saiu como vencedor, para depois abandonar a presidência, a seguir à divulgação do vídeo em que seu principal assessor, Vladimir Montesinos, aparecia negociando a compra de votos de alguns deputados.

O São Paulo não é um Estado nacional. Embora para muitos seja uma nação. Nem tem constituição. Mas tem um estatuto, pelo qual, tal qual a constituição para um Estado nacional, os clubes regem suas normas e regras básicas para o seu funcionamento.

E o que tem a ver o mais glorioso clube do futebol brasileiro com este país sul-americano nos tempos fujimoristas? Nem mesmo jogadores peruanos o São Paulo teve em sua história.

A semelhança estará presente no atual processo eleitoral do tricolor. Juvenal Juvêncio, presidente desde 2006, que está terminando o seu segundo mandato em uma instituição que só permite uma reeleição, justifica que as mudanças no estatuto do clube, concretamente a que alargou o mandato do presidente de dois para três anos, fazem que a contagem dos escrutínios para efeito de eleição deve partir do ano em que Juvêncio obteve a sua segunda eleição, em 2008. Assim Juvêncio concorrerá pela terceira vez seguida para a presidência do São Paulo. Algo parecido ao que fez Fujimori em 2000.

Particularmente, não estou contra sequer às tão polêmicas reeleições eternas. Penso que a continuidade em si não é boa nem má. Em termos estritamente futebolísticos há casos bons e ruins de “perpetuações” no poder. Os torcedores e sócios do Porto, por exemplo, não se queixam dos quase 30 anos que leva a frente do clube português, Jorge Nuno Pinto da Costa. Ao fim e ao cabo, é cada vez maior a superioridade dos dragões ante os seus rivais. Já as mais de duas décadas de Silvio Berlusconi como presidente do Milan, quiçá, não estejam agradando mais aos rubro-negros lombardos, em crise financeira e esportiva (apesar da liderança no campeonato italiano desta temporada) há alguns anos.

O problema radica em querer mudar as regras do jogo no meio do "campeonato" ou tecer justificativas em benefício próprio quando se tem todo o aparato do poder nas mãos. Isso é das piores práticas de quem exerce algum cargo executivo, seja em nações, ou em agremiações desportivas.

O São Paulo que se jacta de ser um clube modelo em termos organizativos, jamais poderia caminhar pelo lado do casuísmo.

Por melhor que estivesse sendo Juvêncio como presidente – e ele e sua diretoria estão deixando bastante a desejar nos últimos anos - não poderia aplicar este golpe branco.

O tricolor foi dos grandes de São Paulo o mais transparente e o mais correto nas sucessões presidenciais – ainda que as comparações com seus rivais não coloquem a fasquia muito alta.

A atitude de Juvêncio, ganhe os títulos que vier a ganhar, colocam um considerável ponto negro em sua história no São Paulo.

O São Paulo não pode ser um Peru de Fujimori.

sábado, 15 de enero de 2011

COMEÇA O QUE DEVERIA TER FIM

Neste fim-de-semana está tendo lugar o início dos principais Campeonatos Estaduais do Brasil, as mais antigas competições do futebol do país. Se imprescindíveis nas primeiras décadas do esporte-rei em Terras de Vera Cruz, em razão da impossibilidade da realização de um campeonato nacional, desde a introdução deste, há cerca de quatro décadas, os estaduais tornaram-se obsoletos.

O Brasil é o país onde mais se joga no planeta. A razão disto é ter em seu calendário dois campeonatos generalistas – ou seja, campeonatos com divisões e sem um número fixo de equipes por região ou unidade política do país - o Nacional e os Estaduais.

Se é verdade que desde o alargamento do Nacional, quando da implantação dos pontos corridos, em 2003, os Estaduais perderam muito espaço na temporada, eles ainda ocupam demasiado espaço e sua simples existência faz com que haja uma verdadeira anomalia no Brasil, pois no mundo nenhum outro país conta com campeonatos do gênero dos Estaduais.

Os argumentos dos que defendem os Estaduais basicamente são dois: que o seu fim “decretaria” a falência das equipes pequenas e que mataria a rivalidade dos clássicos entre os grandes de cada Estado.

Em relação ao primeiro argumento, as equipes pequenas, em sua grande parte, já estão há muito, se não na falência, em um completo definhamento financeiro e esportivo, que muitas delas colmatam alugando seus times para empresas que montam equipes descartáveis, com serventia exclusiva para o campeonato estadual.

Ao contrário do que os “amantes” dos Estaduais pensam, o seu epílogo poderia sim ser a salvação das agremiações de menor porte, que hoje passam três quartos do ano sem atividade, só jogando os três meses do Estadual.

A solução seria muito simples, a instalação de mais divisões no Campeonato Brasileiro, que seria regionalizado a partir da Série C (com os melhores de cada Estado disputando o acesso). Tal como na grande maioria dos países. A regionalização seria cada vez maior quanto mais baixa fosse a divisão. O ideal, inclusive, seria a criação de distritos em cada Estado, o que poderia, talvez, fomentar a criação de mais entidades clubísticas ou a ativação de algumas que só disputam torneios de várzea. O número de clubes no Brasil é ridículo, de acordo com o seu tamanho. Países bem menores possuem muito mais clubes que o Brasil. A cidade de São Paulo, um monstro demográfico, com mais de dez milhões de habitantes, maior que a população de Portugal, por exemplo, tem somente seis equipes.

Sobre o segundo argumento, é lógico que a rivalidade entre os grandes de um mesmo Estado estaria plenamente garantida com o Campeonato Brasileiro e até seria mais aguçada, pois como jogariam menos vezes entre si, sem o campeonato estadual, cada confronto seria muito mais aguardado e menos desgastado midiaticamente. Um Boca-River na Argentina ou um Internazionale-Milan na Itália dificilmente podem repetir-se mais que duas vezes ao ano em torneios oficiais, o que torna cada clássico um evento ímpar.

Não nego que os campeonatos estaduais continuem, uma vez ainda existam, tendo importância, a mesma que tinham nos seus anos “dourados” – por paradoxo que possa parecer para quem augura o seu fim. Seria ilógico para efeito comparativo, por exemplo, dizer que valeu mais o Campeonato Paulista conquistado pelo Corinthians no ano do quarto centenário de São Paulo, em 1954 que o que ganhou o Santos no ano passado.

O fato de terem a mesma importância do passado os faz ainda mais pesados para os clubes grandes, envolvidos em competições mais fulcrais economicamente e esportivamente, já que estes não podem negligenciá-los. Além de praticamente não terem uma pré-temporada.

O termino dos Campeonatos Estaduais seria, portanto, uma das decisões mais saudáveis da história do futebol brasileiro.

martes, 11 de enero de 2011

UN PREMIO MÁS QUE JUSTO


No valoraba mucho el premio que la FIFA destina para el supuesto mejor jugador de fútbol del mundo. La elección para apurar el número uno entre los atletas del deporte-rey a lo largo de los años ya ha presentado injusticias, fruto de la ceguera de quienes han participado de la ella – antes solo los técnicos de las selecciones, pero ahora también los capitanes de las formaciones nacionales y varios periodistas.

Desde la primera edición del premio, en 1991, no solo el más votado como el mejor del planeta, como el segundo y el tercer colocado, han sido siempre jugadores que actuaban en Europa. Figuras que hicieron grandes temporadas, quizá siendo el mejor del año, pero que jugaban en Sudamérica, fueron completamente desdeñadas, como Raí en 1991 y 1992; y Edmundo y Marcelo Salas en 1997.

Es verdad que después de la Ley Bosman Europa ha pasado a concentrar, indubitablemente, los mejores del mundo, casi sin excepción. Pero, continuaban a haber resultados muy cuestionables, fundamentalmente en años de Mundial, en que el grueso de la temporada era obviado por la competición-reina, concretamente por el equipo que salía campeón, que casi obligatoriamente tenía su destaque como el elegido.

Canavarro, por ejemplo, en 2006 muy difícilmente estaría ni entre los tres mejores si no fuese por el Mundial de ese año.

La elección de Messi como el mejor del mundo de 2010, por fin, ha roto la “dictadura” del Mundial en el premio de la FIFA. Sin haber realizado un Mundial brillante – aunque tampoco haya estado en un bajo nivel – su victoria era la menos pronosticada, con el favoritismo corriendo a favor de sus colegas de Barcelona y campeones del mundo, Iniesta y Xavi.

La victoria del argentino ha dado al premio una credibilidad y seriedad de las cuales tenía muchas dudas. Pese a su solo razonable Mundial, el año de Messi fue monstruoso. Sin ser un delantero central, anotó 58 goles en 54 partidos – muy pocos de penales y muchos en forma de golazos en la más pura acepción de la palabra – siendo el buque-insignia del Barça bicampeón español y que terminó el año como líder de la Liga local, no solo por lo individual, pero también por lo colectivo.

Las quejas de los medios españoles por la no elección de Xavi o Iniesta solo puede ser catalogada como ridícula. Los españoles parece que querían que en 2010, como en todos los años de Mundial, el fútbol fuese resumido a esta competición.

Si los dos centrocampistas lucieron más que Messi en el Mundial, en el Barça la presencia de Messi fue mucho más decisiva.

La elección de Messi, en el medio de la miopía mundialista, ha significado más que el premio para el culé un premio para el propio premio.