martes, 27 de diciembre de 2011

BRASIL, SEXTO PIB DO MUNDO. E...?




Acaba de ser confirmado que o Brasil superou o Reino Unido, passando a ser a sexta maior economia do mundo, segundo o Centro de Pesquisas para Economia e Negócios (CEBR). A notícia não foi uma surpresa, pois números preliminares já indicavam isto.
A questão que se coloca é, qual o significado dum país ter o sexto maior PIB do mundo?
No que se refere ao poder internacional deste país, o dado talvez seja relevante. A influência externa de um Estado esá ligada a aspectos quantitativos. Em foros internacionais, como o FMI e o G-20, países que trepam cada vez mais no índice do PIB total, como o Brasil e a China, certamente terão suas vozes mais amplificadas.
Entretanto, para a população do Brasil, para sua vida comezinha, não representa em si nada que o Brasil tenha o sexto maior PIB do mundo. Regozijar-se pelo fato do Brasil ser a sexta economia do mundo, como se isto indicasse uma melhora do país em relação a outros, é coisa para néscios em macroeconomia básica ou para ufanistas. É natural que o Brasil, pelo tamanho de sua população, 192 milhões de habitantes, aproximadamente, esteja entre as maiores economias do mundo, ao fim e ao cabo, é um dos países mais populosos do mundo.
O que sim importa para as pessoas que vivem num país é este PIB dividido pelo número de habitantes dele, ou seja, quando o PIB total se transforma em PIB per capita. Neste ítem o cenário já não é tão róseo para os brasileiros, já que o Brasil é o 75º em PIB per capita (ajustado pelo poder de compra da moeda local). Numa análise um pouco mais profunda, a situação comparativa do Brasil piora. No Índice de Desenvolvimento Humano (que junta três variantes sócio-econômicas: PIB per capita; expectativa de vida; e nível de escolaridade) o Brasil é o 84º. E para os que se preocupam com igualdade, o quadro é ainda menos alvissareiro, já que condicionando a distribuição do PIB per capita no Índice de Desenvolvimento Humano, o Brasil cai para 97º posição neste.
É verdade que o Brasil avançou claramente na última década. Se não diminuiu a desigualdade social, pelo menos estancou o fosso entre ricos e pobres. Também é notável que tenha controlado (mais até do que deveria) a inflação; que tenha domado e até baixado sua dívida pública (que é menor do que a de grande parte dos países de alto grau de desenvolvimento, embora ainda seja de prazo mais curto); que tenha fortalecido suas empresas públicas, e que tenha construido um bom colchão financeiro, com o aumento de suas reservas. Porém, o Brasil é um país que apresenta uma qualidade de vida inferior até mesmo a nações vizinhas. É o sexto no Índice de Desenvolvimento Humano na América do Sul, estando, concretamente, muito atrás de três, Argentina, Chile e Uruguai.
No meio do júbilo de muitos, principalmente dos lulo-petistas mais fanáticos, o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega alertou que o Brasil demorará vinte anos para ter o bem-estar atual da Europa (e penso que muito mais para que os pobres do Brasil tenha o mesmo bem-estar dos pobres europeus hoje em dia).
A mídia, tanto a brasileira como a internacional, é uma das grandes responsáveis pelo burburinho criado em volta da divulgação do avanço do Brasil na tabela do PIB total. Seu desproporcional e descontextualizado destaque faz com que muitos brasileiros pensem que vivem num dos melhores países do mundo e que muitos estrangeiros tenham inveja do Brasil.
Deveria constar no Manual de Redação de todos os veículos de comunicação social do mundo que quando falem sobre o PIB total dum país também agreguem o PIB per capita e, se houver espaço, o Índice de Desenvolvimento Humano. Só assim as pessoas terão uma visão mais equilibrada e correta dos países.

No hay comentarios: