A televisão portuguesa
tem duas coisas que a distinguem notadamente das demais televisões europeias,
telejornais de mais de uma hora de duração e a grande quantidade de
comentadores em espaços informativos oriundos do mundo da política partidária.
Os comentadores
políticos vêm, principalmente com o aumento do número de canais de natureza
informativa, ocupando cada vez mais espaço em Portugal.
Os portugueses já estão
tão habituados à figura do comentador político que nem sequer se dão conta da
anomalia que representa o excesso destes.
Enquanto em outros
países da Europa políticos que fazem comentários e debates preenchem um pequeno
espaço nos programas televisivos, em Portugal são praticamente sinónimo de
comentador, deixando os jornalistas como minoria na função de discutir os temas
da atualidade. Até mesmo em programas desportivos eles estão presentes.
O comentador político
faz com que o analista e o objeto da análise se confundam, fazendo da televisão
uma extensão do parlamento. Em geral, a atuação dos comentadores políticos, em
termos de engajamento, não é diferente da dos deputados na Assembleia da
República. A distinção é que as intervenções são mais confrontadas com o
contraditório direto do que na AR. Mas o fundo tem como alvo, de norma
invariável, o jogo político. A busca por tirar partido do tempo de antena para
persuadir quem assiste o debate de que sua formação é que tem a razão, por cima
de matizações.
Obviamente que o
comentário político é intrinsicamente marcado pela ideologia ou simpatia
política de quem o faz. Portanto, mesmo jornalistas deixam rastros (e muitos)
de que lado estão. O que os distingue é que não estão, ao menos teoricamente,
comprometidos com nenhum partido, sendo mais livres para a dissertação e o confronto
de ideias.
Programas sem tantos
comentadores políticos oxigenaria os ares da teledifusão portuguesa.
Infelizmente isso não é vislumbrável, de tão acostumados que os diretores dos
canais estão com esta doença infantil da televisão portuguesa.
