viernes, 31 de mayo de 2013

HISTÓRIA MAL CONTADA



Muito se diz que os times brasileiros durante muitos anos desprezaram a Taça Libertadores da América (de seu início, em 1960, até 1991) ou que estes colocavam o torneio como seu último objetivo, sempre atrás do Campeonato Brasileiro e até mesmo dos campeonatos estaduais.

Esta teoria justificaria o relativamente baixo número de conquistas de Libertadores por times brasileiros até 1991. Apenas cinco num total de 32 edições do troféu. Número que contrasta com os 11 títulos que os brasileiros lograram de 1992 até 2012. Ou seja, até 1991 os brasileiros tinham vencido 15,62% das Libertadores contra 52,38% de 1992 até a edição de 2012.

Entretanto, considerar que os brasileiros não ganharam muitas Libertadores até 1991 por desdenhar a competição é um erro.

Sim. É verdade que a partir da conquista do São Paulo, em 1992, os brasileiros passaram a ver a Libertadores com outros olhos. Chegando ao ponto até de ficarem obcecados por ela. Isto não significa, porém, que antes disso não havia grande interesse pela Libertadores. O que não havia era a prioridade que é dada a ela hoje em relação aos outros campeonatos. É dizer, antes os clubes brasileiros que jogavam a Libertadores se empenhavam nela tanto quanto se empenhavam no Brasileiro ou nos estaduais. Sem fazer nenhuma preparação especial ou escalar reservas nos campeonatos disputados no Brasil para poupar os titulares para os jogos da Libertadores. Isto acabava, muitas vezes, sendo fatal para os brasileiros, que, por terem um calendário nacional de partidas muito maior do que seus adversários dos demais países da América do Sul, acusavam um desgaste físico que os prejudicava bastante.

Outro fator que explica o maior sucesso dos brasileiros a partir de 1992 foi o progressivo poderio econômico dos grandes clubes brasileiros ante os grandes clubes dos outros países com representantes na Libertadores. Com mais dinheiro, os clubes do Brasil estão conseguindo manter seus atletas mais tempo do que os clubes dos outros países do continente. Podem segurar mais jogadores antes de que estes emigrem para o futebol europeu. Nos últimos anos, inclusive, o Brasil passou a ser até o destino de muitos jogadores de outros países da América do Sul. 

Por último, destaco o aumento de clubes brasileiros na Libertadores. Até 1999 todos os países que participavam dela tinha quase sempre o mesmo número de clubes representantes. Primeiro um e depois dois (e mais um que tinha direito o país com o campeão do ano transato). Desde 2000, com o aumento do número de clubes para 32 (38 com a pré-Libertadores), Brasil e Argentina passaram a ser os países com mais vagas. Primeiro quatro e depois cinco. Isto, obviamente, fez com que o Brasil tivesse mais chances de ter o clube campeão do Libertadores.

Afirmar que os clubes brasileiros não ligavam no passado para a Libertadores, portanto, é muito mais uma lenda do que uma realidade.