Há duas coisas que se pode destacar deles: primeiro que esta
disseminação não foi comum noutros países. Talvez tenha sido nos EUA. Mas se
pegarmos, por exemplo, todo o resto da América Latina, com população superior à do Brasil,
veremos que há poucos deles. Quiçá a característica dos brasileiros, um povo
aberto a falar e se comunicar, seja algo que explique este fenômeno.
O segundo é que o que ocorre neles, as entrevistas, sempre
foram raras na TV brasileira. E, portanto, talvez aqui se possa falar numa
demanda reprimida da audiência. As TVs brasileiras, com a principal delas, a
Globo, à cabeça, sempre foram muito medrosas e raramente estimularam o
contraditório e a fala livre. Tudo é meticulosamente preparado para que nada saia
fora do planejado. Pode ser que o medo radique em melindrar os anunciantes. De
fato, pouca coisa é tão chata como a TV brasileira. Por isso, quem diz que é a
melhor do mundo fala uma grande asneira. Já que o único em que se destaca é na
forma. Não no conteúdo.
Costuma-se dizer que existe uma bolha de programas deste
gênero. E que futuramente poucos restarão. Se isso é verdade, só o tempo dir-nos-á.
Porém, o fato é que se tantos existem há já um razoável tempo significa que ao
menos, por enquanto, estão tendo viabilidade econômica. E por viabilidade
econômica pode-se entender audiência. Já que as empresas não anunciariam neles
se não a tivessem.