viernes, 30 de agosto de 2013

RÁDIOS PORTUGUESAS



Portugal tem um conteúdo radiofónico que pode ser considerado verdadeiramente anómalo, ao menos no contexto europeu. A peculiaridade reside em não haver uma rádio que possa ser considerada de facto generalista.

Para uma rádio ser chamada de generalista deve ter toda sua programação baseada no que os americanos chamam de "talk and news". Ou seja, onde haja uma grelha que mescle informação "pura e dura", debate, entrevista e entretenimento.

Portugal tem rádios com estes elementos, como a Antena 1, a TSF e a Renascença. Entretanto, nenhuma delas pode ser tida como generalista, em razão do grande peso que a programação musical tem na sua grelha (cerca de 30%). No máximo podem ser classificadas como generalistas/musicais. Ao menos na Europa, não há nenhum país que tenha rádios que se queiram generalistas e que tenham tanta música na sua grelha.

Não está mal e, inclusive, pode ser muito agradável para o ouvinte que uma rádio seja hibridamente generalista e musical. O problema é não haver opções duma rádio somente generalista.
Este panôrama faz com que a rádio portuguesa tenha pouco peso no referente à formação de opinião da população. Na maior parte da Europa as principais rádios de cada país contam com um grande investimento e retorno de verbas publicitárias. Significando um grande prestígio trabalhar nelas. Em Espanha, por exemplo, já houve casos em que pivôs de telejornais trocaram a TV pela apresentação de programas de rádios.

Talvez os portugueses não se preocupem com as rádios que têm. Pois, simplesmente, não sabem que poderia haver rádios bem melhores. Mas, certamente, ao menos os mais instruídos e esclarecidos apreciariam ter rádios com conteúdo mais ambicioso.