martes, 16 de febrero de 2010

SPORTING: É CORRECTO TER COMO ALVO APENAS O QUARTO LUGAR?


O presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, declarou há poucos dias que o objetivo da equipa para o que resta de temporada era o quarto posto. Com muitos pontos atrás dos postos de acesso à Liga dos Campeões, não restaria outra.

Sua declaração mereceu como reação a revolta de alguns leoninos, entre os quais o ex-candidato à presidencia, Abrantes Mendes, que disse temer que em um futuro próximo o Sporting esteja a lutar para não descer de divisão.

Gostaria de saber se o senhor Mendes acha se é possível que uma equipa que joga um futebol tão irregular, que foi eliminada de maneira impiedosa pelos rivais FC Porto e Benfica, na Taça de Portugal e na Taça da Liga, respectivamente, pode iludir os seus adeptos.

O dizer de Bitetencourt é tão realista quanto falar que o défice público português ficará abaixo dos 3% do PIB para este ano. O que se deverá lutar por parte do governo é que não ultrapasse muito a meta de 8,3%

Os dirigentes, direcção técnica e jogadores nesta mesma linha tampouco podem articular aquele discurso de que “há muitos pontos a serem disputados e os adversários ainda podem tropeçar”.

Milagres no futebol até existem, mas têm limites. E nem os mais fabulosos dos deuses do futebol conseguiriam fazer tanta coisa inimaginável, que nossa sofrível equipa seja imbatível e que os que estão na luta pelo título de campeão e pela Liga dos Campeões comecem a cair ladeira abaixo.

Outra comentário muito clarificador do mandatário máximo leonino foi dizer que o “Sporting não tem tiques e hábitos de uma equipa vencedora”. Não apenas fazendo referencia aos plantel, e sim a todos o complexo orgazacional do clube do Lumiar.

Para ter o tal habito vencedor, Bettencourt acha que os sportinguistas terão que “pedalar muito”.

Há muito anos, diria décadas, que é necessário que alguém assuma este discurso de honestidade em relação às perspectivas do clube, que, infelizmente, desde os anos 1950 esteve sempre distante do potencial vencedor primeiro do Benfica e depois do FC Porto a partir dos anos 1980. Somente em períodos pontuais, que não duraram mais do que uma temporada- a última vez que o Sporting conseguiu renovar um título de campeão nacional, por exemplo, foi na época 1953-54, o ano do tetracampeonato- o Sporting esteve no topo.

Potencial, em termos de apoio não falta ao Sporting, embora não tanto no âmbito quantitativo como o Benfica. Mas no lado qualitativo são poucos os clubes no mundo que contam com uma massa associativa tão fiel como a nossa, apesar dos sucessivos fracassos ao longo dos anos.

O historial de decepções do Sporting não é, entretanto, um fado. É só verem o exemplo do FC Porto, que de um clube complexado até o final dos anos 1970, encarrilhou uma série de êxitos impar na história do futebol mundial, em termos de expansão.

Reconhecer a nossa inferioridade é um primeiro passo. Só não devemos ficar refém dela, interiorizando o derrotismo. Será este o grande desafio do presidente Bettencourt após suas sinceras palavras.

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