jueves, 23 de octubre de 2014

A SUPOSTA VIOLÊNCIA DE GÊNERO DE NEVES

Embora o fato em si tenha tido pouca repercussão nos veículos de comunicação tradicionais (jornais, rádios e TVs), foi muito falado na Internet, principalmente nas redes sociais. Refiro-me à suposta agressão, em 2009, do presidenciável Aécio Neves a sua hoje esposa e na época apenas companheira sentimental, Letícia Weber.

A supota agressão saiu a luz em razão dum post do jornalista Juca Kfouri em seu blog, que teria ouvido isso de cinco pessoas presentes no local do episódio, o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, onde estava tendo lugar uma festa.

A sua adversária, a presidente Dilma Rousseff, somente fez alusão ao tema de forma indireta. Quando perguntou a Neves no debate da Band, na terça-feira retrasada, o que Neves achava da violência contra a mulher. Já os blogs, sites e tuiteiros simpatizantes a Rousseff não se cansaram de abordar o tema. Pouco falado no primeiro turno, quando Neves parecia não preocupar muito a candidatura de Rousseff, já que a adversária que incomodava a atual mandatária era Marina Silva e não Neves, a partir do início da campanha do segundo turno o tema foi bastante explorado.

Falar ou não do caso pode ser um dilema ético. De um lado está algo gravíssimo, como é a violência de gênero. Do outro, está a suspeita, mas não a comprovação e a certeza da agressão. Para alguns deste outro lado também está a invasão da vida pessoal de Neves e sua esposa (não concordo com isto, pois ao contrário do que diz o ditado popular, em briga de marido e mulher, sim se pode meter a colher, ao menos quando há violência física no meio, mesmo quando a mulher prefere não reagir e até continuar a relação, como foi o caso da suposta vítima).

No meio deste dilema está o mensageiro do caso, Kfouri. Para mim, particularmente, é um jornalista muito credível, pelo seu histórico na mídia brasileira, nomeadamente na que mais laborou, a esportiva. Ademais, Kfouri, apesar de ter apoiado publicamente a primeira candidatura vitoriosa do PT numa presidencial, a de Lula da Silva em 2002, nunca esteve conotado aos governos liderados pelo PT desde 2003 no âmbito do apoio . Se elogios chegou a fazer, sempre foram na base do matiz em que sói opinar, e sempre foi muito duro com a relação dos governos liderados pelo PT com as autoridades esportivas, principalmente a CBF e o COI. Demonstrando uma decepção particularmente com Lula.

Porém, nem todos são obrigados a dar tanta credibilidade a Kfouri a ponto de não temer abordar o tema e, no caso de quem está engajado na campanha petista, usá-lo de modo eleitoral. Ao fim e ao cabo, credibilidade é algo subjetivo.

Portanto, a questão central passa por confiar ou não em quem revelou o caso. Se esta confiança existe, o manejo proselitista ou midiático do caso é perfeitamente legítimo, considerando-se a intolerância com que, civicamente, devemos tratar o asco que significa a violência de gênero. Independentemente da opinião da vítima.

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