domingo, 12 de febrero de 2017

ESTATIZAR É PRECISO

Ao largo do Brasil o início deste ano foi marcado por aumentos no preço das passagens de ônibus acima da inflação. Em grande parte das cidades a tarifa já ultrapassa os R$ 4,00.

O elevado preço que o ônibus têm na maioria do Brasil é uma consequencia das administrações públicas abrirem mão da gestão do transporte público, delegando-a a empresas privadas, mediante concessão pública e subsídio para que o bilhete tenha um preço menor do que o de valor de mercado, com o qual não seria um serviço público.

Independentemente de se os valores praticados poderiam ser mais baixos ou não, o fato é que as empresas objetivam o lucro. Algo básico de todo empreendedorismo privado. E o lucro que desejam não poderia supostamente ser alcançado nem com o subsídio do poder público sem os recentes grandes aumentos das passagens.

Já a gestão das administrações públicas, a depender da quantia, até poderia operar com déficit. Por que então não são elas a executar o imprescindível sistema público de transporte? Não é muito mais racional usar o dinheiro do subsídio às empresas para que fossem elas próprias a fazê-lo? As tarifas não poderiam, assim, ser mais baratas e haver mais linhas, impedindo que o usuário seja transportado como gado? 

O pior de tudo, é que nem sequer se discute minimamente a estatização do transporte público. Nem mesmo a esquerda e movimentos sociais a reivindicam. Muitos até preferem levantar uma bandeira irracional como a da tarifa zero. Produzindo efeito zero na discussão em prol dum melhor transporte público.

Certamente o principal argumento contra a estatização seria a ineficiência do Estado. Além da corrupção que poderia haver. Não sou insensível quanto a isso. Entretanto, se fossemos temer isso deveríamos querer o Estado longe de tudo, atribuindo todo tipo de serviço público, como educação, saúde e segurança, aos privados. Mesmo tendo de subsidiá-los.

Ademais, a corrupção existe na relação entre administrações públicas e concessionárias de transporte público. Um tema que pouco se fala na mídia, mas que quem tem algum contato com os bastidores da política sempre escuta. Principalmente envolvendo a licitação para a operação do transporte. Os casos descobertos pela justiça muito provavelmente são poucos em relação ao que já houve e há.

Infelizmente o transporte público operado por privados é uma marca de quase toda América Latina. Diferentemente da Europa, onde é o Estado, por meio de administrações municipais ou regionais, que o controla.


A estatização é o melhor meio para um transporte público barato e de qualidade. Uma evidência que a covardia e/ou letargia da esquerda e o neoliberalismo da direita obnubilam.  

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