sábado, 18 de febrero de 2017

ESQUERDISMO POLITICAMENTE CORRETO


No Brasil cada vez mais certos gostos ou não gostos e preferências estão sofrendo patrulhas ou alinhamentos derivados da ideologia da pessoa. Concretamente é o campo da esquerda que impõe ou se impõe o que é apropriado apreciar. É o esquerdismo politicamente correto.

Ser de esquerda pressupõe estar ao lado dos miseráveis, pobres e classe média baixa. Num país como o Brasil estes formam a maioria da população. Portanto, para a correção cultural esquerdista, um esquerdista que não queira ser parecido a um «coxinha» não apenas deve querer e lutar pela melhoria de suas condições de vida no plano material e por políticas que fomentem menos desigualdade social como deve disfrutar do que eles mais gostam e do que mais, supostamente, representam-nos no plano cultural e até preferir, no plano estético, seus principais traços físicos.

Vede se é possível um esquerdista dizer, por exemplo, que não gosta de carnaval? Como é possível não gostar da principal festa popular do Brasil? Se não gosta é um «elitista», de certeza. Tão cruel quanto o ex-presidente/ditador João Batista Figueiredo, que dizia preferir o cheiro de cavalo ao cheiro do povo.

É curioso que muita gente que dizia não gostar de carnaval tenha passado a frequentar blocos e desfiles ligados ao carnaval para fazer finca-pé de sua condição de esquerdista.

Algo parecido se passa com gêneros musicais. Durante muito tempo vistos como desagradáveis, mas que ultimamente têm tido certo carinho do esquerdismo brasileiro. São os casos do funk, do forró universitário, do sertanejo e do pagode, por exemplo. Mesmo que tenham letras paupérrimas, ofensivas e/ou machistas (principalmente no caso do funk), tudo deve ser relativizado em nome do povo excluído. E se há tantos adeptos no andar de baixo destas músicas, algo devem ter de bom, pois o povo excluído é, em si, bom e, acima de tudo, sábio. Sobrarão intelectuais de esquerda para explicar tim tim por tim tim os motivos pelos quais rejeitá-las é ser preconceituoso.

A obnubilação esquerdista também está presente na constituição estética. Dizer que, tendencialmente, gosta mais de loiras, mulheres de cabelo liso, brancas e magras não é compatível com o esquerdismo. No Brasil, onde a maioria da população não é magra, é mulata ou negra, não tê-las como preferência é subjugar-se à imposição estética da mídia e do imperalismo. (Atenção, o «gostar» neste caso tem a ver apenas com os desejos carnais que se possa ter por outrem. Não falo de respeito, admiração intelectual ou amizade, que devem estar separados do estético)

Não sou contra o politicamente correto. Desde que seja no âmbito da crítica às discriminações, como as raciais, sexuais, de gênero ou sociais. Entretanto este politicamente correto que pretende juntar política com gostos culturais e estético, além de chato, é duma manifesta pieguice.   

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