domingo, 3 de octubre de 2010

PORQUE VOTARIA EM PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO


A escolha de um candidato pode ser uma grande angustia para quem preza o significado da democracia, fundamentalmente quando esta apresenta-se desfigurada e em muitos sentidos vazia.

Este é o caso da democracia brasileira, construída por dois pilares, o excessivo personalismo dos seus protagonistas e o praticamente total financiamento privado das campanhas – um verdadeiro câncer para o funcionamento sadio da democracia.

No quadro da atual corrida para o Palácio do Planalto as ofertas também estão longe de entusiasmar. Ao menos para mim.

Considerando-me um progressista, entre o rosa da social-democracia conformista – e cada vez mais subjugada ao grande capital – e o vermelho do socialismo revolucionário, não encontro nenhum candidato com o qual me indentifique razoavelmente.

Por estar no estrangeiro, sem estar registrado no consulado brasileiro de onde estou vivendo, não vou poder votar neste ano. Apesar do pouco entusiasmo pelo escrutínio lamento não poder participar do processo.

Depois de pensar muito meu voto imaginário iria para Plínio de Arruda Sampaio.

O candidato do PSOL, sem dúvida, está à minha esquerda. Em seu programa de governo defende promessas ousadas e perigosas, como a suspensão dos juros da dívida pública, enquanto esta estivesse sendo auditada e a elevação do salário mínimo em um prazo de cinco anos para R$ 2.000 – o que faria com que o salário mínimo brasileiro fosse maior do que o de muitos países europeus, com um custo de vida maior.

Porém, o positivo da candidatura de Arruda Sampaio, em comparação com as outras postulações, far-me-ia colocá-lo como a melhor opção, pois apresenta propostas que não vejo nas demais candidaturas e que me são muitos caras, tais como a reforma na legislação laboral (a diminuição da jornada semanal de trabalho para 40 horas); a reforma política (com o estabelecimento do financiamento público das campanhas); a reforma tributária (com um imposto sobre as grandes fortunas e a instituição de uma verdadeira progressividade do IRPF, em um país que os pobres e a classe média pagam, proporcionalmente, mais impostos que os ricos); a aplicação rigorosa da concessão pública para o audiovisual (em um cenário em que as TVs e as rádios descumprem quase por completo o seu papel de serviço público); a legalização do aborto (uma questão de saúde público por cima de qualquer crença); a união civil entre homossexuais (ainda que o ideal fosse a permissão do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo) e até a legalização da maconha (embora, por uma questão de liberdade individual, seja favorável à legalização de todos os tóxicos, por mais nocivos à saúde que possam ser).

Entretanto, quiçá, o que mais valoro na candidatura de Plínio de Arruda Sampaio é a sua credibilidade ética, em um Brasil em que a corrupção e a promiscuidade entre o público e o privado são constantes.

A pouca importância que a mídia deu a Arruda Sampaio reduz ainda mais suas possibilidades de uma boa votação. Mas, em democracia, ou, ao menos, para quem pretende estar na vida pública de maneira verdadeiramente democrática, há valores que devem estar acima de vitórias e derrotas, pois como diria Marina Silva, outra candidata com que valoro na questão ética, pode-se perder ganhando. E Arruda Sampaio, certamente, terminará, sim ou sim, sua campanha e, talvez, sua vida política como um campeão.

1 comentario:

Leandro dijo...

Plínio foi injusta e estupidamente taxado de lunático por parte do eleitorado. mas muitas de suas propostas têm fundamento e são perfeitamente aplicáveis em governos com um mínimo de preocupação com o povo. Somente pela proposta dos 10% do orçamento para Educação e outros 10% para Saúde já valeria.