jueves, 11 de noviembre de 2010

DILMA ROUSSEF "PRESIDENTA", UM ERRO COLOSSAL


Já imaginaram o feminino de o pedinte como a pedinta; de o crente como a crente; de o amante como a amanta; de o viajante, como a viajante; de o ausente como a ausenta; de o ardente como a ardenta; de o farsante como a farsanta; de o estudante como a estudanta; de o delinquente como a delinquenta; e de o fumante como a fumanta?

Certamente todas estas formas soariam muito mal no ouvido de qualquer um. E, principalmente, chocar-se-iam brutalmente contra a estrutura gramatical da língua portuguesa.

Apesar de desconhecido, a língua portuguesa e outras línguas latinas apresentam o chamado particípio ativo, cuja terminação é “ante” para os verbos terminados em “ar” (habitar – habitante) e “ente” para os que terminam em “er” e “ir” (ler-lente; exigir-exigente) nas suas formas regulares.

O particípio ativo, como o nome diz, expressa a ação, em forma de substantivo, advinda de um verbo.

Desde a vitória de Dilma Roussef no 31-O, e até mesmo antes, em sua campanha, começou-se a ter eco o que, se vier a entrar no léxico corrente, seria uma das maiores aberrações dos lusófonos brasileiros, a palavra “presidenta”, jogando na lata do lixo o sufixo “ente”, único admitido para o verbo presidir transformado em particípio ativo.

Já admitida no léxico do castelhano, com o absurdo beneplácito da Real Academia do Espanhol (RAE), “presidenta” corre o sério risco de ter vida ativa também no Brasil – com a anuência de muitas “autoridades” linguísticas.

É verdade que as línguas podem ter componentes machistas. Mas, não é possível que a volúpia léxica para igualar os sexos apele a invencionices.

Que Dilma Roussef seja a primeira presidente do Brasil, e não a primeira presidenta. Para o bem da língua de Camões, já tão castigada pelos nacionais de Terras de Vera Cruz.

1 comentario:

Flávia_spfc dijo...

Caro Cauê:
Foi citada a existência do particípio ativo (que pouco importa), mas você se esqueceu de dizer que há algo na língua também desconhecido: a mudança linguística. Com a anuência de muitas "autoridades" linguísticas ou não, já não há nenhuma língua de Camões. Pena que as novas formas, inovações utilzadas por falantes nativos, os quais pretendem expressar diversos novos sentidos e não só indicar gênero, sejam chamadas "invencionices".
Para o bem do Português Brasileiro, então, que as invencionices continuem. Já para o bem da língua de Camões, que fique em Portugal.