jueves, 23 de febrero de 2012

ZECA AFONSO SEMPRE!


Há um quarto de século partia para o desconhecido um dos maiores ícones de sempre da canção portuguesa. José Afonso, ou, simplesmente, Zeca Afonso, foi o símbolo, por meio de seus temas, de um Portugal solidário e fraterno.

O vértigo provocado pelo 25 de abril teve em Zeca Afonso sua máxima expressão – por todo o conjunto de seu trabalho, e não apenas pelo maior expoente deste e senha para a Revolução dos Cravos, “Grândola, Vila Morena”.

Em cada uma das estrofes de suas músicas estava representado o ideário de liberdade e igualdade. Antes e depois da data que devolveu a democracia a Portugal, o trabalho de Zeca Afonso calou fundo, sensibilizando grande parte do país, primeiro como fator de protesto depois como fator de esperança.

Passadas quase quatro décadas do 25 de abril, Portugal, certamente, não é o que Zeca Afonso sonhava que fosse e o que suas canções clamavam. As lutas também têm outra dimensão, talvez até mais difíceis do que então. Se há liberdade política há resignação ante a crise social e económica que abate o país. O inimigo, tão vivo e real do antes do 25 de abril, agora se esfuma entre as brumas da grande austeridade, do défice, da dívida e do desemprego.

Não sei se Zeca Afonso saberia interpretar este momento, como o fez tão bem com suas canções durante os anos 1960 e 1970. O facto é que ele faz imensa falta, pois diferentemente do lema do PCP não só quem cá está faz falta. Felizmente, foi-se homem mas não a obra. Esta ficará para sempre no disco rígido da cultura popular portuguesa, que tem na figura de Zeca Afonso sua representação por excelência.

Para além da seu tão esplenderoso labor, também devemos resgatar o Zeca Afonso cidadão, que morreu mais pobre do nasceu. Que passou grande parte de sua vida com dificuldades económicas. Que nunca aceitou títulos e condecorações oficiais. Que sempre foi coerente e consequente em suas ações. Que dizia o que pensava e pensava o que dizia. Um português que fez mais por Portugal do que por ele mesmo.

Zeca Afonso faleceu há 25 anos, mas vive em cada pessoa que se identifica com sua obra e com a pessoa que foi. Hoje só uma coisa “faz falta”, recordar com carinho o nosso querido Zeca, um homem “maior que o pensamento”.

No hay comentarios: